O que temos a aprender com a guerra de preços na China?

A guerra de preços na China não impacta apenas o setor automotivo, ela escancara lições que toda a indústria precisa observar. Quando escalar se torna mais importante do que estruturar, os riscos deixam de ser exceção e passam a ameaçar o sistema como um todo. Nesse cenário, o colapso da Neta Auto serve como um alerta contundente: crescer rápido demais, sem base sólida, pode custar caro demais.

1. O efeito colateral da guerra de preços na China

A intensa disputa por fatias do mercado interno levou fabricantes chineses a reduzirem seus preços ao limite. Essa guerra de preços na China resultou em margens apertadas, excesso de oferta e pressão sobre a sustentabilidade das marcas. Sem fôlego no próprio país, muitas decidiram se expandir para o exterior, mesmo sem estarem prontas para isso.

2. Neta Auto: uma história de crescimento rápido e frágil

Fundada em 2014 pela Hozon New Energy, a Neta Auto ganhou destaque com modelos acessíveis e foco em escalabilidade. Mas o que parecia ser uma expansão planejada era, na verdade, um movimento de sobrevivência. A empresa acelerou sua internacionalização para compensar a queda nas vendas domésticas e aliviar o impacto da guerra de preços na China.

3. Expansão sem suporte local: o erro estratégico na Tailândia

Na Tailândia, a Neta ofereceu preços agressivos, carregadores domésticos gratuitos e garantias estendidas. Em pouco tempo, tornou-se a segunda marca mais vendida do país em 2023, atrás apenas da BYD. No entanto, a falta de estrutura para atendimento e reposição de peças logo desencadeou uma onda de reclamações.

4. Pós-venda colapsado e reputação em queda

Com a Hozon em reestruturação financeira, o suporte internacional da Neta entrou em colapso, gerando mais de 220 queixas por falta de peças, fechamento de centros de serviço e abandono dos clientes na Tailândia. O governo abriu investigações, vários showrooms foram encerrados e as vendas caíram vertiginosamente, transformando uma promessa de expansão em crise.

5. Quando fugir da guerra de preços na China não basta

Outras marcas como Aiways e WM Motor também tentaram escapar da canibalização de preços expandindo para mercados externos. Mas, sem preparação adequada, enfrentaram os mesmos desafios: consumo elevado de recursos, retorno limitado e desgaste de imagem. Afinal, o problema não era apenas o preço, era a falta de suporte e planejamento.

6. Lições para o setor de baterias tracionárias

O setor de baterias também pode tirar aprendizados valiosos da guerra de preços na China. Afinal, oferecer preços competitivos sem garantir estrutura técnica coloca em risco a operação do cliente. No mercado B2B, é o pós-venda que assegura confiança, previsibilidade e continuidade.

7. O papel da confiança em mercados emergentes

Ao entrar em países onde o consumidor ainda está se familiarizando com veículos elétricos, a confiança torna-se o maior ativo de uma marca. Preço baixo pode atrair no curto prazo, mas é o suporte, a transparência e a entrega consistente que constroem reputação. Esse é um desafio ainda maior em mercados emergentes, onde a estrutura de pós-venda costuma ser mais limitada.

8. A importância do suporte técnico nos mercados intensivos

Mais do que um bom produto, empresas que atuam com logística e intralogística precisam de um serviço confiável. Por isso, a manutenção preventiva, a reposição de componentes e uma assistência local são vitais para evitar paradas e prejuízos. É essa visão sistêmica que diferencia fornecedores sustentáveis daqueles que apenas vendem.

9. Expansão com responsabilidade e presença real

A NEXV tem crescido de forma planejada, investindo mais de R$ 40 milhões em tecnologia, estrutura e confiabilidade. Com sede de 50 mil m² em Santa Catarina e montagem nacional, estamos expandindo com base sólida. Além disso, contamos com especialistas treinados nas fábricas da Exide na Colômbia, Espanha e Panamá. Até 2026, também pretendemos inaugurar novas unidades técnicas em São Paulo e Minas Gerais.

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